A COXA DE JACÓ – O juramento onde se “coloca a mão sob a minha coxa” e o Nervo Ciático de Jacó

O nervo ciático é o maior nervo do corpo humano, tendo o diâmetro aproximado de um dedo.
O versículo em questão (Gênesis 24.2):
וַיָּשֶׂם הָעֶבֶד אֶת-יָדוֹ תַּחַת יֶרֶךְ אַבְרָהָם אֲדֹנָיו
“E seu servo colocou a mão sob a coxa ( ierer’) de Abraão (seu) senhor.”

A palavra coxa יֶרֶךְ
também traduzida para extremo, extremidade ou parte posterior. É o mesmo radical usado em Gênesis 32.33 quando Jacó, lutando com um anjo, teve o nervo de sua coxa (ierer’) deslocado.
No caso desse último, o nervo deslocado (“guid ha-nashe”) trata-se do ciático, o maior da extremidade inferior, descendo pela parte anterior da perna.

O Nervo Ciático se origina nas regiões lombares (4ª e 5ª Vértebra Lombar) e sacral da medula espinhal. Fornece inervação motora e sensitiva para a extremidade inferior.
A ciática é uma dor na perna devido a irritação do nervo ciático. Essa dor geralmente sente-se desde a parte posterior da coxa até a parte posterior da panturrilha, e pode se estender até os quadris e os pés.
No mundo o antigo esse nervo já era bem conhecido pela sua importância e localização na anatomia humana, tanto que se fazia juramentos por ele. Se lesionado, o homem teria dificuldades de trabalhar, produzir e até ter relações sexuais dependendo da intensidade da dor.

Após o deslocamento de seu nervo ciático na luta contra um anjo em Gênesis 32.33, Jacó teve alguns incômodos:

Sintomas da Dor no Nervo Ciático:
A dor no nervo ciático geralmente afeta um lado do corpo. A dor pode ser sutil, aguda, como uma queimação ou acompanhada por choques intermitentes de dor aguda, começando nas nádegas e se prolongando para baixo por trás ou pelo lado da coxa e/ou perna. A dor no nervo ciático se estende até abaixo do joelho e pode ser sentida nos pés. Algumas vezes, os sintomas incluem formigamentos, dormências , parestesias (baixa sensibilidade) dificuldades de movimentação. Sentar ou tentar se levantar pode ser doloroso e difícil. Tossir e espirrar pode intensificar a dor.

Colocar a mão sob a coxa era uma forma usada para juramento (ver também em Gênesis 47.29, onde Jacó, velho e perto de morrer, pede para José fazê-lo). De acordo com o idioma bíblico as crianças saíam da “coxa” do pai ( Gênesis 46:26 “que emanaram da sua coxa”; Êxodo 1.5 (“almas que emanaram da coxa de Jacó “; Juízes 8:30) daí o termo “coxa” seria um eufemismo para o órgão procriador. Portanto, quem fazia o juramento teria que colocar a mão na virilha ou nas regiões próximas aos genitais do homem com quem ele fazia aliança.

Em algumas circunstâncias a virilidade do homem também era colocada em questão nesse juramento, por esta ser muito considerada no mundo antigo. Homens com muitos filhos eram considerados viris e em alguns casos isso era até mais importante que ter riquezas.

Pela questão cultural, as mulheres estéreis ficavam apavoradas por não poder provar a virilidade de seus maridos, tanto que foi um alívio para Sara quando Abraão teve um filho da escrava egípcia Hagar.

Entretanto esse juramento não tinha apenas conotação sexual, pois a passagem do nervo ciático nessa região e uma provável lesão nele poderia impedir de um homem trabalhar ou andar, o que era também uma grande maldição no mundo antigo.

Assim, a região da”coxa” de acordo com a tradição talmúdica, passou a ser o sinal sagrado da aliança, e o servo tinha que colocar a sua mão próximo a ela assim como em tempos posteriores uma promessa seria feita sobre um rolo de Torá (Shevuot38b; Targum Yonatan;Rashi).

Antes que a parte traseira de um animal possa ser comida, este nervo com todas as suas ramificações, era cuidadosamente removido (Gênesis 32.33). Uma vez que isso é muito difícil de fazer, os traseiros do gado não são usualmente consumidos pelos judeus.

Na luta contra o Anjo de D’us, com o seu nervo lesionado Jacó pode na verdade ter recebido uma benção por causa das referências na Torah do número de “almas que emanaram de sua coxa”,
(Gênesis 46.26 e Êxodo 1.5).

Bibliografia:
http://www.vertebrata.com.br/nov_17.php

A Torá Viva; anotado por Rabino Aryeh Kaplan; Ed. Maayanot, 2ª ed.,2003.

Dicionário Português Hebraico e Hebraico Português – Abraham Hatzamri e Shoshana More-Hatzamri – ed. Sêfer

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